Sempre quis viajar para outro país. A princípio, a primeira
viagem seria para algum país Europeu. O custo alto, a falta de tempo (sim, já
que o mais caro é a passagem área, queria aproveitar para ficar mais tempo) e o
fato da viagem vir de PAItrocinio, fizeram repensar. O destino então seria o Uruguai,
mas precisamente, Montevidéu, já que é pertinho do RS. O preço altíssimo das
diárias, comida, festas e afins me fez acrescentar Buenos Aires (um pouco mais
longe, no país Hermano), a lista de destinos.
Faltando pouco mais um mês para meu aniversário, no impulso,
reservo um hostel bacaninha que achei na internet. O valor, realmente, era bem
mais em conta que alojamentos do Uruguai, valor que eu ainda deveria usar na
passagem aérea. Um mês para a viagem e eu ainda não havia comprado a passagem.
As passagens áreas lá no alto (com o perdão do trocadilho), os pacotes de
viagens mais ainda e meus pais pressionando para que eu me decidisse logo. Cálculos
feitos e refeitos, e decidi que iria de ônibus. Sim gente, de ônibus. Metade do
valor da passagem aérea (que, diga-se de passagem, seria suficiente para pagar
a minha diária no albergue). Logo, o valor da viagem que era para até R$ 2 mil,
cai para menos de mil (eu faço milagres com dinheiro, quando eu quero ;P). Assim
sendo, ao invés de uma semana podia estender minha permanência pela capital
Argentina (no fim das contas 2 mil reais foi o gasto total da viagem, contando
custos básicos, muitos livros, festas e presentinhos ;P).
Cartão visa internacional encaminhado. Hostel reservado.
Ideias Mil. 1 semana antes da minha viagem e sem obter retorno da instituição
bancária, descubro que eles simplesmente NÃO SABEM O QUE ACONTECEU COM MEU CARTÃO
DE CRÉDITO. Perdeu-se no processo. Reviro mundos e fundos, vou novamente para
cidade onde solicitei o cartão, falto o trabalho, adio a viagem. Os bonitos me
enrolam meia hora para dizer que não sabem o que fazer. “desculpa moça, erramos,
mas não temos como solucionar”. Cooomo assim? Me revoltei, falei poucas e boas
e sai de lá querendo colocar fogo naquela porcaria (ok, exagerei para ser mais
emocionante, sai querendo colocar um baita processo mesmo...).
Respirei fundo. 2 dias para a viagem. Passagem comprada no
dia anterior. Iria viajar com o cartão do pai.
Alegria de pobre dura pouco. PERDI MINHA RG. E, sim, não é possível entrar
na Argentina sem passaporte ou Identidade. A lei era clara e o meu choro
exaustivo – durou a noite toda. Eu não iria mais. Meu sonho caiu por terra.
Habilitação, certidão de nascimento... Nada, a alfandega não me deixaria
passar. Vendo meu desespero meus pais estavam de cabelo em pé, estavam acostumados
a me ver perder tudo, mas desta vez havia algo maior em jogo. Meu pai me levou
para Santa Cruz de novo e eu estava disposta a colocar meu apartamento de
pernas por ar até encontrar a dita cuja. Engoli o choro, nem soluçar não
soluçava mais. Não estava lá, eu não iria mais. Desapontada e já me
conformando, o telefone toca:
“Oi Cássio (meu chefe), é o pai da Vivi, o celular dela está
sem bateria. Encontrou? Menos mal. E onde estava?”
Gargalhadas.
Mais gargalhadas.
Minha identidade estava dentro do meu armário, no trabalho,
dentro de uma caixa de bombom. (não me perguntem como ela foi parar lá)
Resultado: o mundo deveria estar acabando, mas em 21 de
dezembro de 2012, eu estava chegando em Buenos Aires para viver a melhor
experiência de toda a minha vida. Totalmente sozinha, sem conhecer nada, nem
ninguém. E, chegando lá,... Bom, essa já é outra história.